
Domingo foi o dia da Marcha do OrgulhoCrespo, cheguei logo cedo para a concentração e ainda não havia começado as movimentações, mas encontrei um grupo de meninas composto por Adriana Rolin, Luiza Loroza, Tatiane Henrique, Lilian Tavares, Glauce Pimenta Rosa e Luana Vitor, ensaiando uma apresentação antes da saída da marcha chamado Agbara Obinrin ( que em yorubá significa “força mulher”), as meninas encenaram uma apresentação chamada, “Ei,Mulher” , que é o mesmo nome de uma poesia composta por Adriana Rolin, que tem relação com sua vida pessoal.
A apresentação foi linda e emocionante, antes da saída da marcha todos pararam para ver e ouvir os dizeres daquela poesia, que o próprio nome já se entende que, é um chamado para o emponderamento da mulher.Ao final um gesto simbólico e emocionante que todas as integrantes fizeram foi tirar seus turbantes e balançar seus blacks mostrando seu orgulho crespo a todos, diante disso era cativante ver a emoção de Adriana Rolin ao final da apresentação, que não conseguiu segurar as lágrimas.

Logo após podemos ouvir um rap cantado por três das integrantes do grupo “As Negras” que fizeram uma ótima rima, dando uma pegada de atitude e empoderamento a marcha, tive a oportunidade de entrevistar Jucylene Martins, e ela nos falou um pouco da importância da Marcha do Orgulho Crespo, ela diz que; “o significado para mim e muito grande e muito gratificante estar aqui eu luto contra o racismo, o racismo está muito grande, isso me orgulha muito,isso me motiva a fazer musica[…]Porque se a gente não pode falar eu posso cantar através da musica eu posso me expressar meu sentimento, expressar minha cor, expressar minha melanina, e uma coisa que eu tento lutar, a coisa não está preta o mercado não e negro, mercado de preto não e preto, o racismo reverso e uma coisa que muitos brancos usam para nos atingir a gente dessa forma, a gente quer conquistar nosso lugar tanto com a musica e palestra, a gente tem que trazer a informação, não deixar esse elo quebrar.Somos negras somos fortes para qualquer coisa eu tento transparecer isso na musica.

Após estas apresentações a marcha se inicia e todos nós seguimos rumo a Praça Mauá onde se encontra a Feira Preta, e juntos carregamos a faixa do orgulho crespo e também uma faixa em homenagem aos meninos de Costa Basto, vitimas de uma chacina, foi uma caminhada cantante e dançante onde pessoas que passavam se integravam-se a marcha e então fomos todos a praça nos empoderando de nossos blacks e africanidades mostrando a todos que estamos a luta e vamos continuar resistindo para combater o racismo.
